terça-feira, 26 de maio de 2009

Momentos de fé e devoção catártica


Ainda sobre o show que eu fui, no dia seguinte (10/10/1994) meu amigo me deu uma reportagem que havia saído naquele dia no jornal O Globo. Era uma matéria sobre o show: “A Legião e seus seguidores”, pela jornalista Nayse López.

No fim da matéria havia uma crítica bem interessante feita por Tom Leão sobre o referido show: "Momentos de fé e devoção catártica”. Procurei hoje pela manhã no meu arquivo de reportagens da Legião e encontrei. Acho essa crítica tão interessante que vou transcrevê-la na íntegra para mostrar bem o que foi esse show que eu fui:

“Legião Urbana não faz mais shows. Faz cultos. O que aconteceu neste fim de semana no Metropolitan foi um congraçamento da banda com seus fiéis. Estes não se importaram se o som deixou a desejar e nem com a pedreira que é entrar e sair doVia Parque em noites de espetáculo. Eles só queriam ver Bispo Renato Russo e seus obreiros, que iniciaram a celebração com música clássica e terminaram jogando ramos de flores na plateia.
Os maiores momentos de fé aconteceram na abertura, com SERÁ, no módulo acústico que destacou GERAÇÃO COCA-COLA e teve seu ápice na quilométrica FAROESTE CABOCLO, cantada com fervor por todos os presentes. Russo foi embora perguntando QUE PAÍS É ESTE, voltou rapidamente e saiu de cena com seu púlpito em meio a luzes celestiais. Só faltou levitar. E todos disseram ao final: ‘Aleluia!’.”

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Metropolitan - 09/10/1994


A banda, então, atacou de SERÁ. Todo mundo pulava e cantava junto. Emocionante! Uma bela abertura. Renato estava usando uma bata branca e calça preta. Acho que ele usou essas roupas em todas as apresentações dessa turnê.

EU SEI foi a próxima, causando também muita emoção ao público. Quando Renato arriscou a sua “dança epiléptica” pela primeira vez, todo mundo começou a gritar. E foi assim sempre que ele começava a dançar. Em seguida a banda tocou LA NUOVA GIOVENTÚ, que Renato cantou e dançou com empolgação, seguido pela banda, que tocava bem rápido, bem pesado, bem punk.

AINDA É CEDO foi bem recebida logo aos primeiros acordes. Renato inseriu trechos da já conhecida GIMME SHELTER, dançou muito e terminou rolando no chão, debatendo-se e simulando uma relação sexual. Os fãs foram ao delírio. Interessante ver como Dado criava um clima melódico nas guitarras e como Bonfá tocava com vigor a sua bateria. Mesmo tocando essa canção há anos, cada performance da banda era diferente, tinha uma carga emocional e uma catarse únicas. Quem conhece as várias versões ao vivo dessa canção concordará comigo.

Renato & cia – ajudados ainda pelos músicos convidados Fred Nascimento (violão e guitarras), Carlos Trilha (teclados) e Gian Fabra (baixo) – atacam em seguida com DANIEL NA COVA DOS LEÕES. Uma pancadaria punk bem diferente do que se ouve na versão mais pop/pós-punk do disco DOIS: pesada, rápida, agressiva, intensa.


Em seguida, Renato anuncia que cantará canções do então novo disco O DESCOBRIMENTO DO BRASIL. Eu fiquei muito feliz, pois este era o meu álbum preferido até então. Continuei cantando emocionado cada verso, diferente de algumas poucas pessoas que só estavam ali para ouvir os clássicos. A banda então tocou VINTE E NOVE, UM DIA PERFEITO e OS ANJOS. Foi um grande momento do show para mim.

Em seguida, pancadaria pura: 1965 (DUAS TRIBOS). Lembro que, quando Renato cantou “Estou do lado do bem com a luz e com os anjos”, os canhões de luz iluminaram todos os fãs.

Seguiu-se um set acústico muito interessante. MONTE CASTELO foi a primeira, deixando todos muito emocionados (inclusive eu). A essa altura, tudo ali parecia um sonho perfeito, e eu torcia para não acordar mais. Essa canção foi tão emocionante que dois jovens entraram no palco após a mesma e tentaram abraçar o Renato, sendo em seguida retirados pelos seguranças. Eu pensei na hora: “meu Deus, o Renato odeia isso, ele vai parar o show! Ele vai embora!”. Que nada! Ele estava tão de bem com a vida, estava tão feliz de estar ali no Rio de Janeiro (ou seja: em casa), diante de tantos fãs, que apenas se desviou e disse: “Uau!”. Antes de tocar a próxima, QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO TEU QUARTO, Renato ofereceu a canção “para todos nós e para os dois rapazes que subiram no palco”.



GERAÇÃO COCA-COLA foi tocada em versão acústica, tal como a EMI ouviu a gravação em uma fita cassete em 1984, por intermédio dos Paralamas do Sucesso. Isso foi explicado pelo Renato antes de a mesma ser tocada.

O TEATRO DOS VAMPIROS foi o grande momento do set acústico, em que todo mundo cantou junto. Foi uma das que mais emocionaram o público.

Em seguida, MENINOS E MENINAS foi executada, encerrando com o refrão de O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO: “Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver, o mundo anda tão complicado que hoje eu quero fazer tudo por você, tudo por você, tudo por você...”. um belo final para este momento acústico.




Lembro que, em certo momento do show, Renato foi irônico ao dizer: “Eu adoro ser idolatrado! Me amem!”. Logo ele, que tinha pavor à questão do fanatismo religioso de muitos fãs... Quem conhece o Renato sabe que ele estava brincando. Ele assumiu também: “Eu adoro tocar no Rio (os fãs aplaudiram e assobiaram). Eu gosto de tocar em São Paulo também...”, os fãs, brincando, demonstraram não gostar e Renato lembrou: “São Paulo é legal também. Eu canto ‘acho que gosto de São Paulo’...”

Após o momento acústico, novamente a banda voltou a atacar. E nada melhor do que voltar com um clássico: “Há muito tempo atrás, numa terra distante, longe da civilização, existia um jovem rapaz chamado João de Santo Cristo. (Os presentes foram à loucura: era FAROESTE CABOCLO.) Esta é a sua história. Guarde com atenção estas palavras e lembrem-se: as drogas fazem você virar os seus pais”. Mais uma ironia de Russo. Os fãs cantaram a canção do 1º ao último verso, sem parar. Foi incrível! No final, Renato dançava de forma frenética, contagiante.

PAIS E FILHOS foi o clássico seguinte. Todo mundo cantou junto novamente, principalmente no seu refrão redentor. Interessante ver como as guitarras, ao vivo, ficaram mais pesadas, não só nesta mas também em várias outras canções. Legião sempre foi uma banda de rock, embora muita gente fale que é MPB. Os shows provavam o contrário! Ao final dessa canção esperei pelo cover de STAND BY ME, como foi feito na turnê de AS QUATRO ESTAÇÕES, mas isso não aconteceu.

A próxima foi o grande hino da juventude, uma das mais belas canções do rock nacional, com toda certeza: TEMPO PERDIDO. Fiquei tão emocionado! Não lembro se chorei, mas foi uma das que mais me deixaram arrepiado, já na introdução melancólica e nostálgica.

GIZ foi a próxima, com certeza para acalmar os ânimos exaltados dos fãs com tantos clássicos, mas sem deixar de nos emocionar. Ele explicou que na infância ele gostava de rabiscar mesmo o sol; cantou uma musiquinha infantil (não me lembro como era) para explicar como eles faziam para chamar o sol. E disse: “que bobeira, né, gente?”.




EDUARDO E MONICA reiniciou a sessão “clássicos”, numa versão mais moderna, meio blues, com guitarrinha, teclados... Eu já tinha lido numa entrevista que o Renato tivera problemas nos anos 80, quando tocava essa canção. O motivo? Os presentes no show queriam que a banda tocasse a mesma exatamente como era a versão no disco. E o Renato ficava nervoso com isso: “as pessoas querem que eu toque ‘Eduardo e Monica’ exatamente como está no disco isso não é rock’n roll; eu toco como eu quero!”, foi mais ou menos o seu comentário na época. Já no show em que eu fui, tudo ocorreu muito bem, sem problemas: as pessoas cantavam juntas, pulavam, dançavam... Ali, naquele momento, eu presenciava um momento de amor e devoção dos fãs para com a banda e vice-versa.

Renato anunciou: “Eu tô com vontade de tocar uma balada!” e a banda tocou a canção de (des)amor mais linda e melancólica do nosso rock: a reflexiva VENTO NO LITORAL. Posso dizer, com certeza absoluta que esta, ao lado de FAROESTE CABOCLO, foram as duas canções mais ovacionadas pelos fãs. Esta balada foi tão emocionante que pude perceber que muitos namorados se abraçavam mais, criando um clima de ternura e amor.

HÁ TEMPOS animou os fãs, numa versão um pouco mais rápida do que a original. Em seguida veio “ÍNDIOS” em que Renato perguntou: “ A gente sabe tocar “ÍNDIOS” com a banda?”. Todo mundo foi ao delírio. Aí ele brincou, citando a Blitz. Errou a letra, mandou parar e perguntou à banda como era a 2ª estrofe da banda, induzindo os fãs ao erro: puxou de forma errada “Esquecer o que ninguém consegue entender...” e disse que tínhamos errado. Eu fiquei feliz, pois eu disse comigo mesmo “Está errado!” e não cantei. Muitos foram na dele e se deram mal! Quando ele finalmente puxou certo, todo mundo cantou junto e a canção ganhou força a cada estrofe. No final, Dado andou de um lado para o outro com sua guitarra (dançando?), parecia que iria cair. Foi bem legal. Para encerrar a canção, Renato emendou BLUE SUEDE SHOES, do Elvis.

Quando eu ainda recuperava o fôlego, ainda em estado de transe, Renato anunciou: PERFEIÇÃO. Posso dizer que era uma das canções que eu mais estava esperando. E foi demais: a guitarra pesada e distorcida de Dado, a bateria vibrante e meio tribal de Bonfá, a letra declamada de Russo. Quando a canção entrou na última parte (“Venha, meu coração está com pressa...”), os fãs criaram um clima religioso erguendo os braços fervorosamente com se fosse uma oração. Renato cravou mais um cover: LITHIUM, do Nirvana. Pensando nesse momento hoje, vejo que nada era feito isoladamente: a letra começava em forma de protesto, ironia e descrença absoluta diante da nossa realidade, terminava com um hino de esperança para o futuro e tinha, ao vivo, trechos da já citada LITHIUM, em que Kurt Cobain tentava manter a sanidade em meio ao caos de sua vida pública e privada. Havia paralelos interessantes com Renato, que havia vencido uma batalha pessoal contra as drogas e o álcool.

A banda deixou o palco e eu pensei: “Eles têm que voltar!”. Ansiedade e espera. O público gritava “É Legião! É Legião!” e “Uh, uh! É Legião!”. Então, a banda correspondeu às nossas expectativas retornando ao palco. Renato brincou dizendo que o show iria acabar e ameaçou sair novamente.

Atendendo a pedidos, segundo Russo, a banda tocou uma versão bonita e mais curta de ANDREA DORIA. Na verdade, eu estava ouvindo pedidos para FÁBRICA. “Toca FÁBRICA!”, era o que eu ouvi com uma certa frequência.

VAMOS FAZER UM FILME foi mais uma canção do último disco; esta é uma das minhas preferidas e eu queria muito ouvi-la ao vivo! Ficou linda: mais rock, a guitarra ficou mais estridente e, no fim, Renato cantou “eu te amo” à capela, perguntando aos presentes: “Como é que se diz eu te amo?”. Foi perfeito.

Enfim, a última canção exigia uma reflexão diante do cenário brasileiro: QUE PAÍS É ESTE, pesada, agressiva, repleta de ironia. Renato cantou CAJUÍNA, de Caetano; brincou com a ridícula PINTINHO AMARELINHO, do programa trash do Gugu Liberato. Era uma forma de Renato criticar o sensacionalismo e a mediocridade da televisão brasileira. Por isso, Renato cantou essa música e inventou as vídeo-chineladas do Chinelão (mera coincidência com as vídeo-cassetadas do Faustão?), para mostrar como a violência e a futilidade dos programas de auditório são os grandes atrativos da mídia. “Vamos pegar aquela ali, ó! Cuidado aí senão vai cair na porrada!”, interpretava Renato com toda a sua ironia. AQUELE ABRAÇO, sucesso do Gilberto Gil, também apareceu no meio da canção. Por fim, Renato, enquanto a banda tocava, conversava com os fãs dizendo que, para mudar o país, era preciso primeiro mudar a nós mesmos, “ajuda pra caramba!”. E era verdade: não adianta falar em futuro do país se fomentamos a violência e alimentamos tudo o que é grotesco e ao mesmo tempo corriqueiro na sociedade. Era preciso uma mudança de consciência e de atitude no dia a dia. Na última estrofe, Renato pediu para a banda parar de tocar e disse: “Agora, são vocês que vão pra casa, que vão pensar como o país vai ficar rico sem precisar matar ninguém”.

Era o fim do show – que era muito mais que um mero show. Renato havia dito numa entrevista naquela semana para o jornal O Globo: “Quando as pessoas cantam as nossas canções é como uma celebração. Nossos shows não são somente entretenimento. Cantamos músicas que marcam e, de repente, são todas tribais. A gente é a banda de rock mais rock do Brasil”. Isso sintetiza a importância da Legião não apenas para a música brasileira, mas para o pensamento e a ideologia jovem, tão desgastados pela pobreza do rock nacional atual.

A banda saiu de cena e retornou com vários buquês de rosas, que foram jogadas para o público. Infelizmente não peguei nenhuma, mas o mais importante eu havia finalmente presenciado: a magia de ver a Legião no palco. Um momento inesquecível!

Aquele viria a ser o meu primeiro e último show da Legião Urbana. O penúltimo no Rio (uma semana depois, na sexta, dia 14/10/1994, a pedidos da direção da casa, como o próprio Renato havia dito no show em que eu fui, haveria mais uma apresentação) e o antepenúltimo da história da banda (o último seria em Santos, em janeiro de 1995).

Posso dizer que nunca mais verei um show como aquele. Fui para casa com as imagens do show registradas em minha mente e em meu coração. Na volta do ônibus, a lembrança de Renato, Dado e Bonfá no palco me deixavam feliz e realizado. Fiquei ainda em estado de êxtase por mais alguns dias e continuei não sentindo o gosto dos alimentos. Só voltei ao normal uma semana depois.

Hoje vejo que realmente “o pra sempre sempre acaba”, mas os bons momentos sempre serão lembrados com carinho. A minha história de amor com a Legião ratifica essa afirmação.

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Show da Legiao Urbana no Rio - eu fui! (09/10/1994)

Nunca me esquecerei do dia em que fui a um show da Legião Urbana...

A imagem de Renato / Dado / Bonfá na minha frente tocando e cantando suas inesquecíveis canções ficará para sempre registrada em minha mente e em meu coração.

Digam o que quiserem sobre a Legião: que são músicos limitados, que o Renato esquecia algumas letras, que as apresentações eram puramente histeria coletiva beirando ao fanatismo... Não importa. Nada se compara a um show da Legião. Bono e seu U2 são incríveis ao vivo? Sim, são. Mas não são a Legião!

Como disse Dado certa vez, “show da Legião, sempre uma nova emoção”. É a pura verdade!

Em algum dia de setembro de 1994 vejo na TV o comercial do show que aconteceria no Rio nos dias 08 e 09 de outubro daquele ano.

“Nossa! A Legião vai tocar no Rio!”, pensei. Era a minha chance de assistir finalmente ao show da minha banda do coração. Eu já tinha todos os discos, legionário convicto, só me faltava assistir a um show da banda.

Eu tinha 17 anos e minha mãe foi comprar o ingresso para mim e para um colega que iria comigo. Quando cheguei do colégio, fiquei decepcionado por saber que nos postos de venda não havia mais ingressos. Tudo esgotado!

Fui falar com meu colega e resolvemos ir à Barra da Tijuca, shopping Via Parque, onde ficava a antiga casa de shows Metropolitan (local do show). Lá fomos nós. Eu estava ansioso demais, não conseguia comer nada, no ônibus só ficava pensando na possibilidade de encontrar os ingressos.

Chegamos lá e havia uma pequena fila. Algumas pessoas estavam comprando vários ingressos. Na nossa vez, pedimos dois ingressos e a atendente disse: “acabou...” e eu pensei “Meu Deus!..”; mas ela continuou: “Só tem para domingo, sábado está esgotado”. Que alívio!

Fomos para casa felizes e ansiosos. Em casa peguei os encartes dos discos e fiquei lendo as letras para poder cantar todas na ponta da língua junto com o Renato. Isso era uma sexta-feira.

No sábado percebi que não conseguia sentir o gosto da comida. Disse para minha mãe que estava sem sal, mas ela disse que era engano meu. Coloquei mais sal: nada – não sentia gosto da comida. Percebi que estava sofrendo de ansiedade e perdi o apetite e não sentia o gosto dos alimentos. Estava entrando em transe, ficava todo arrepiado só de imaginar o que viria.

No domingo a mesma coisa: não sentia gosto de nada. Fiquei aguardando chegar a hora, mas o tempo não passava! Meu time do coração (Fluminense) iria jogar naquele dia contra o Vasco, mas eu não me importava: o grande jogo era no Metropolitan! Depois fui saber que o jogo foi 0 x 0 (lembro que um colega sugeriu que, em vez de eu comprar ingresso para ver a Legião, eu poderia ir ver o Flu no Maracanã). Sem comentários...

Meu colega e eu fomos de ônibus, que estava lotado. O trânsito estava meio complicado, mas chegamos lá sem grandes transtornos!

Escolhi um lugar legal para ficar, bem de frente, a alguns metros do palco. Havia muitos jovens com camisas da Legião, mas também de outra bandas como Ramones, Iron Maiden, Sepultura. Todas as tribos queriam ver a Legião no palco, queriam reverenciar a grande banda de rock do Brasil – “A banda de rock mais rock do Brasil”, como dissera Renato referindo-se à própria Legião numa entrevista para o jornal O Globo naquela semana.

As horas passavam e o show não começava... Fiquei cada vez mais ansioso!

Enfim, o local começou a ficar escuro, as pessoas começavam a gritar “É Legião! É Legião!” e eu pensei: “vai começar!”

O sistema de som apresentou: “Metropolitan apresenta LEGIÃO URBANA!!!”

Todo mundo começou a gritar, parecia que o local estava mais cheio ainda (pois todo mundo começou a se aproximar mais e mais, quase não dava para se mexer).

Como o Renato era fã de música clássica, a introdução teve início com um instrumental que não sei o nome, mas já era emocionante, deu um clima legal!

Quando acabou, a cortina se abriu e os músicos entraram no palco, indo para seus postos. Renato surgiu logo em seguida segurando algumas flores nas mãos e, num sorriso, disse: “Boa noite! Vocês estão prontos?”

Precisava responder? Mas eu murmurei, rindo de felicidade: "É claro que estou!"

A partir dali, nada mais parecia real. Foi uma experiência mística, indescritível, única!

Sei que partes desse show passaram na Bandeirantes e mais tarde um disco duplo com o título “Como é que se diz eu te amo” foi lançado pela EMI, mas mesmo assim nada se compara com o que vivi naquele momento, naquelas pouco mais de duas horas de apresentação.

Ainda hoje, quando me lembro desse dia, eu fico arrepiado e me vem à mente imagens bem nítidas da apresentação legionária.

Na próxima postagem tentarei ser o mais fiel possível para descrever esse show memorável...