quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Show pela vida com Renato Russo, em 1993.

Em 1993, Renato participou do SHOW PELA VIDA, evento beneficente em prol do projeto liderado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Vários grupos participaram, e eu fiquei até tarde diante da TV esperando o nosso poeta aparecer. O programa passou ao vivo na Band.
O mais legal foi ver os fãs legionários no show aguardando Renato com fervor. Ele entrou no palco empunhando um violão, e sozinho fez sua breve e memorável apresentação.
Antes de cantar, porém, ele pegou pedaçoes de revistas e leu duas reportagens: uma falava de jovens que foram espancados por serem confundidos com bandidos. A outra falava do aumento do salário dos políticos concedidos por eles mesmos, enquanto o aumento do mísero salário do trabalhador ficaria para depois.
Assim, Renato iniciou com QUE PAÍS É ESTE. Em seguida cantou POR ENQUANTO, emendando o refrão de O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO e a parte final de HÁ TEMPOS (que fala de disciplina, compaixão e ter coragem). Por fim, ele disse "Que Deus abençoe todos nós", despedindo-se assim do público, que aplaudia emocionado.
No meu trabalho de garimpagem no Youtube, finalmente achei esse vídeo. Vale a pena dar uma conferida!
Força sempre.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Que Perfil é este?!?


Não entendo essas coletâneas que não trazem nada de novo... Foi assim com o cd “Mais do Mesmo”. Agora esse perfil!
Alguns fãs dirão: “Esse cd vai ajudar os fãs mais novos conhecerem melhor a banda”. Discordo! A discografia está toda em catálogo, relançamentos foram feitos... Para que essa coletânea? Só mais um caça-níqueis? Com certeza, isso não é ideia do Dado e Bonfá, que não precisam disso para sobreviver. Tem muita gente aí querendo lucrar em cima do legado da banda.
E o DVD ao vivo com os shows do Metropolitan, na turnê do álbum O Descobrimento do Brasil, em 1994? E as sobras de estúdio? E as canções inéditas? E os ensaios? Shows e mais shows? Especiais de TV e rádio? Não é possível que isso vá ficar mofando nos arquivos da gravadora! Seria muita irresponsabilidade.
Sem falar na tão prometida caixa com material raro, que iria se chamar MATERIAL. Acho que isso nunca sairá do papel.
Já que é assim, fui até o Youtube e garimpei tudo o que pude da Legião Urbana. Tem muita raridade, muita coisa legal! Aos poucos vou colocando aqui no blog, ok?
Ah, vejam a lista do Mais do Mesmo (1998) e desse Perfil (2011). É quase a mesma lista! Por que não pegaram versões desconhecidas dessa canções (tenho certeza de que a gravadora tem várias versões alternativas)?
MAIS DO MESMO
1- Será
2- Ainda É Cedo
3- Geração Coca-Cola
4- Eduardo E Mônica
5- Tempo Perdido
6- Índios
7- Que País É Esse?
8- Faroeste Caboclo
9- Há Tempos
10- Pais E Filhos
11- Meninos E Meninas
12- Vento no Litoral
13- Perfeição
14- Giz
15- Dezesseis
16- Antes Das Seis

PERFIL
1.    Tempo Perdido
2.    Será
3.    Quase sem Querer
4.    Índios
5.    Há tempos
6.    Perfeição
7.    Metal contra as nuvens
8.    Pais e filhos
9.    O teatro dos vampiros
10.   Giz
11.   Vento no Litoral
12.   Faroeste Caboclo
13.   Que país é Este
14.    Eduardo E Monica

De novidade mesmo, só Quase sem Querer, Metal contra as Nuvens e O Teatro dos Vampiros. Onde estão as canções de A Tempestade e Uma Outra Estação? Não fazem falta? São itens menores na obra legionária? Não acredito nisso!
Para os verdadeiros fãs: o melhor da banda não está em coletâneas, mas em toda a sua discografia, do 1º ao último disco: poesia e simplicidade musical que fascinaram (e ainda fascinam) jovens e adultos em todo o Brasil.
Que tal pegar aquele seu cd ou vinil da Legião guardado na estante e ouvir agora? Mas, aqui vai uma advertência: OUÇA NO VOLUME MÁXIMO!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Liberdade do espírito humano

Ano passado a TV mostrou várias agressões entre jovens brasileiros, e isso vem se repetindo sempre. O motivo? Homofobia.
O que está acontecendo com a juventude? Onde está o respeito às diferenças e à diversidade? Parece que estamos vivendo uma nova Idade Média.
Renato Russo fez várias declarações que muitos consideravam polêmicas. Não acho. Na verdade, ele estava apenas tentando conscientizar a juventude em relação à homossexualidade, tentando com isso acabar coom o preconceito. Vale a pena conferir alguns trechos de entrevistas sobre esse assunto:
“Como cidadão, tenho como postura política ser contra qualquer tipo de preconceito em relação à sexualidade humana”. (1992)
“Eu vim ao mundo com luz, não tenho que me enfiar num buraco. Não quero me sentir como um torcedor do Botafogo no meio da torcida do Flamengo”. (1994)
“Reafirmo minha homossexualidade para evitar que as pessoas passem pelo que eu passei: achar que era doente, que era estranho, que ia morrer e seguir direto para o inferno. Para poder ter a liberdade de ser quem eu sou”. (1994)
“Faço parte de uma minoria que não é tão minoria assim, ainda mais neste país. (...) É importante falar sobre isso. Se eu fizesse parte de outra minoria e se existissem coisas que me incomodassem, acho que, tendo a posição de artista, eu falaria”. (1994)
“O caminho é por aí: é preciso respeitar as pessoas que não são comuns, que não são maioria. Gente que não vai gritar pela Copa do Mundo, gente que pensa, que não aceita tudo o que é dito. A maior parte das pessoas não pensa, nem existe. O modelo da pessoa comum é vazio. Você não pode discordar de nada para não parecer diferente”. (1994)
“O homossexualismo não é a coisa mais importante do mundo. Talvez seja, para mim, agora. Mas, além de dizer que o gay tem direito, é preciso dizer que a criança tem direito, o negro tem direito, o cidadão tem direito. Falam muito de minorias, mas, no Brasil de hoje, a vida está impossível, inclusive, para o macho adulto branco”. (1994)
“Eu fiz este disco (Stonewwal Celebration Concert) para mostrar que a gente tem dignidade, que têm pessoas legais trabalhando pelas diferenças. O fascismo é muito perigoso. Daqui a pouco, se você não for macho, adulto e branco, você está perdido”. (1994)
“Revelar que está na contramão da heterossexualidade normativa é uma decisão difícil. Eu me abri porque senti que estava na hora, que isso me daria mais liberdade no meu trabalho e, também, porque eu não queria enrolar o jovem ou a jovem que estava ouvindo aquilo, sem saber se era aquilo mesmo. Não abrir o jogo seria desonesto com  meu público”. (1995)
Por fim, um comentário repleto de sarcasmo do nosso poeta:
“Eu não quero mais fazer ativismo gay. Na minha cabeça, eu decidi, muito humildemente, que quem precisa de ajuda são os heterossexuais. É só a minha opinião, pelo amor de Deus!”. (1996)
Faz falta um cara como o Renato Russo no nosso país, para nos ajudar a refletir sobre as hipocrisias e o preconceito que existem por toda parte. A juventude está sem um porta-voz. É um tempo de Restart, Fiuk, Fresno e NX-Zero. Uma pena.
 Vale a pena assistir a estas duas entrevistas abaixo do YouTube, em que Renato fala sobre o tema.

Como está no encarte do cd "Stonewall Celebration Concert", álbum-solo de Renato, lançado em 1994, "A ignorância é vizinha da maldade. Buscar informação é o melhor caminho. Força sempre".