O disco abre com Daniel na Cova dos Leões, com um título bíblico e letra que Renato considerava explicitamente homossexual. “Essa música fala de sexo oral”, diria mais tarde. Acrilic on Canvas é uma balada sofisticada, ideal para os mais sentimentais, que trata sobre saudade após ao fim de um relacionamento. Eduardo e Mônica é a 1ª historinha a aparecer num disco da Legião, com personagens, começo, meio e fim, mostrando o amor na vida de dois jovens totalmente diferentes um do outro. Bem mais tarde Renato chegou a dizer que a Mônica da história era uma amiga sua de Brasília, Leonice Coimbra; já Eduardo era ele mesmo, “só que menos bobo”. Tempo Perdido foi descrita pelo antropólogo Hermano Vianna – num texto que ele escreveu para a caixa lançada em 1995 com os cds remasterizados da banda – como “um dos momentos mais lindamente melancólicos da história da música pop”. Essa canção foi a música de trabalho do disco, considerada um hino para a juventude com seus belos versos e instrumental que foi acusado de copiar o som da banda inglesa The Smiths, grande ícone dos anos 80, que Renato era fã. O clipe dessa canção trazia fotos de jovens flagrados pouco antes da fama – gente como John Lennon, Janis Joplin, Jimi Hendrix entre outros ídolos do Renato.
Até hoje a Legião Urbana é considerada a melhor banda de rock do Brasil. As letras poéticas de Renato Russo, aliadas às melodias simples da banda, até hoje emocionam milhares de legionários. Este blog é uma homenagem de um legionário que cresceu ouvindo essa banda e tem muito para contar, muitas informações, comentários, opiniões pessoais, fatos, lembranças e histórias... Urbana Legio Omnia Vincit. Força sempre!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Dois, segundo disco da Legião Urbana – um clássico
O disco abre com Daniel na Cova dos Leões, com um título bíblico e letra que Renato considerava explicitamente homossexual. “Essa música fala de sexo oral”, diria mais tarde. Acrilic on Canvas é uma balada sofisticada, ideal para os mais sentimentais, que trata sobre saudade após ao fim de um relacionamento. Eduardo e Mônica é a 1ª historinha a aparecer num disco da Legião, com personagens, começo, meio e fim, mostrando o amor na vida de dois jovens totalmente diferentes um do outro. Bem mais tarde Renato chegou a dizer que a Mônica da história era uma amiga sua de Brasília, Leonice Coimbra; já Eduardo era ele mesmo, “só que menos bobo”. Tempo Perdido foi descrita pelo antropólogo Hermano Vianna – num texto que ele escreveu para a caixa lançada em 1995 com os cds remasterizados da banda – como “um dos momentos mais lindamente melancólicos da história da música pop”. Essa canção foi a música de trabalho do disco, considerada um hino para a juventude com seus belos versos e instrumental que foi acusado de copiar o som da banda inglesa The Smiths, grande ícone dos anos 80, que Renato era fã. O clipe dessa canção trazia fotos de jovens flagrados pouco antes da fama – gente como John Lennon, Janis Joplin, Jimi Hendrix entre outros ídolos do Renato.
terça-feira, 14 de abril de 2009
A formação da Legião Urbana e o primeiro LP
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Punk: A origem da Legião Urbana
A ORIGEM DA LEGIÃO VEM DO MOVIMENTO PUNK
A Legião nunca teria existido se Renato Manfredini Junior (nascido em 27/03/1960 no Rio de Janeiro) não tivesse conhecido o punk rock. Fã de Beatles, Elvis Presley, Bob Dylan, Pink Floyd, Led Zeppelin e diversas bandas de rock progressivo, Renato, que morava em Brasília desde os 13 anos, conheceu o punk na adolescência e ficou fascinado, pois era tudo o que ele queria: o som era simples e qualquer um poderia ter uma banda de rock; assim, ele não precisaria mais ter aulas de música. A ideologia era a “do it yourself” (faça você mesmo). Assim, passou a ouvir muito punk: Ramones, Clash, Damned e, principalmente, Sex Pistols. Em 1978, Renato se vestia de punk (calças rasgadas, cabelo pintado, alfinetes no rosto...) e conheceu um punk chamado André Pretorius, fã de Sex Pistols. Desse encontro surgiu a 1ª banda de Brasília, que seria a mãe de todas as outras bandas: o Aborto Elétrico. Renato (que ainda não assinava Russo) no baixo (no início ele tinha vergonha de cantar), André Pretorius na guitarra e Fê Lemos (hoje baterista do Capital Inicial) na bateria.
Algumas frases do poeta
"Bebo porque tem garoto de 15 anos sendo morto pela polícia e menininhas sendo estupradas." (1993)
"Depois que me apaixonei de verdade, e não deu muito certo, então eu não consigo mais... Eu fico esperando, putz, eu quero sentir aquilo de novo, mas aí, se começa, se o coração bate mais rápido: "Ah, eu não sei se quero isso, não". Eu acreditei durante muito tempo em amor romântico. Hoje em dia eu não acredito em amor romântico, não. Eu acredito em respeito e amizade. De repente, sexo e tudo. Ou então expressão física. Mas é assim: respeito e amizade. Porque paixão, essa coisa de amor romântico mesmo, acho que traz muito sofrimento e sempre acaba. Você sofre, você fica pensando na pessoa, você não funciona direito. Ao mesmo tempo em que voce descobre muitas coisas boas em você - não sei, pelo menos comigo acontece isso - eu descubro sempre as invejas, certos ciúmes, uma certa possessividade, no meu caso, muito machista. E isso incomoda. Eu sou ciumento, possessivo, italianão. Eu acho que o amor verdadeiro não passa por isso, não." (1993)
"Sou anarquista e individualista. Tenho uma visão poética, mas não me considero poeta. Procuro o belo." (1995)
"Não queremos ser diferentes, e sim que todo mundo tenha o direito de ser como é. Eu nao preciso me sentir mal porque não sou igual ao garoto que está no anúncio do iogurte. É você ser sexy, charmoso, com uma certa plasticidade corpórea. Cria-se uma geração de clones. Estes são os anos 90." (1992)
"O Brasil é um país que nao é uma nação, onde a vítima é ré, e não se respeita mulher, negro e homossexual." (1987)
"Recado para o público: amem a Legião Urbana. Estamos do lado de vocês." (1993)
"Na verdade, a Legião Urbana hoje em dia são os fãs. Nós somos apenas o veículo." (1994)
"O que a gente sempre falou foi: 'Seja sua própria pessoa'. E o que eu vejo, em alguns fãs, é a anulação da própria pessoa por causa da Legião Urbana. E eu acho isso péssimo." (1995)
"Minha relação com meu filho é maravilhosa. Mas sou bem durão, ele me respeita. O mais importante é ele saber que meu amor não é condicional, não depende de nada que ele faça." (1990)
"Não tenho como educar o Giuliano agora. De jeito nenhum. Nossa relação é ótima, ele está com 6 anos e é esperto. Quero que venha ficar comigo, um dia. Ele fica com meus pais, em Brasília." (1995)
"Eu entro no palco com flores porque eu gosto. Faço isso desde que a gente fez um show no Rio, no dia em que o Cazuza morreu. Eu acho que é uma vibração legal, porque tem uma coisa que acalma a galera. Então, em shows pequenos, eu nunca faço isso. Mas, num show para 50 mil pessoas, com quanto mais calma você puder passar o que você tem a dizer, melhor." (1994)
"Eu escrevi em 'A montanha mágica': 'sou meu próprio líder, ando em círculos". O que eu quis dizer com isso? Não sei exatamente. Quero que as pessoas me digam o que entenderam. Acho que existem várias leituras para este disco e para as palavras que estão nele. São palavras simples, é um vocabulário básico, mas há coisas para descobrir." (1991)
"A violência me preocupa porque tenho família, amigos... Às vezes, nem me preocupo tanto comigo, mas há pessoas de que gosto e não desejo vê-las sofrer." (1991)
"Quando vejo esses corruptos mentindo c/ a maior desfaçatez, minha vontade é matar todos eles. Mas eu sei que isso não adiantaria nada." (1993)
"A parte do corpo que eu mais gosto é meu cérebro. E também adoro minhas mãos." (1994)
Algumas curiosidades...
No dia em que o poeta partiu a Central Globo de jornalismo havia decidido fazer uma cobertura sobre o assunto que iria ocupar praticamente metade do Jornal Nacional. Na época, Lilian Wite Fibe achou um absurdo. Reza a lenda que Willian Bonner, para mostrar a importância do Renato Russo na música brasileira, recitou todos os versos de Faroeste Caboclo. Na verdade, o que aconteceu foi que presentes, na reuniao que decidiria o conteúdo do jornal, citaram diversas músicas de sucesso p/ convencer Lilian sobre o Renato. E Bonner, brincando, ameaçou recitar Faroeste Caboclo do início ao fim se ela quisesse, mas, diante de ameaça coletiva de demissão, ele não fez isso. A lenda é bem mais charmosa, né?
Aborto Elétrico, segundo Renato, é porque uma menina grávida apanhou com um cassetete elétrico que a polícia usava contra as pessoas na época da ditadura; a menina teria perdido abortado naquele instante. Segundo Fê Lemos explicou na Bizz de 1997, essa história é apenas uma lenda.
Interessante é que antes do fatídico show Dado saudou a imprensa dessa forma: "Estamos aqui nessa cidade horrível... Divirtam-se... enquanto podem." Renato Russo, na noite anterior, no hotel, andava pelos corredores procurando uma Bíblia. Bonfá, mais tarde, comentou que todos sentiam uma vibração estranha no ar.
Fontes:
- Livros "O Trovador Solitário", de Arthur Dapieve e "Renato Russo de A a Z".
- Arquivo Pessoal Legião Urbana – Paulo Avila.