segunda-feira, 16 de março de 2009

Conhecimentos legionários (entretenimento)

Certo dia eu estava revendo e reorganizando o meu arquivo de materiais da Legião e vi alguns fanzines numa pasta. Num deles (novembro de 1999), havia uma coluna “Teste seus conhecimentos” sobre a Legião. Fiquei satisfeito ao ver que na época eu tinha acertado todas as questões. Pois bem, deixo aqui, como forma de descontração, tal teste. É só uma brincadeira, ninguém aqui quer ser doutor em Legião, certo? Mas vale a pena fazer o teste! Vamos lá? Ah, não confira o resultado antes de responder!

Teste se você sabe tudo sobre a Legião Urbana:

1- Onde aconteceu o primeiro show da Legião?
a) Circo Voador (RJ)
b) Patos de Minas (MG)
c) Teatro Galpão (DF)

2- A Legião já teve um tecladista. Qual é o nome dele?
a) Paulo Paulista
b) Fê Lemos
c) Eduardo Paraná

3- O disco “Dois” era para ter sido um álbum duplo. Qual seria o nome deste álbum?
a) Flores da Rússia
b) Mitologia e Intuição
c) País das Maravilhas

4- Responda sem pensar muito: Quem produziu os últimos cds de estúdio, “A Tempestade ou O Livro dos Dias” e “Uma Outra Estação”?
a) Mayrton Bahia
b) Jorge Davidson
c) Dado Villa-Lobos e Legião Urbana

5- “Urbana Legio Omnia Vincit”. Em quem foi inspirada essa frase?
a) Filósofo francês Jean-Jacques Rousseau
b) Estadista romano Júlio César
c) Filósofo inglês Bertrand Russel

6- Um dos hobbies de Renato Russo era:
a) Astrologia
b) Teatro
c) Fotografia

Confira o resultado:
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1-b; 2-a; 3-b; 4-c; 5-b; 6-a

De 0 a 2 acertos – Você precisa conhecer melhor a história da banda.
De 3 ou 4 acertos – Você é bem informado, descubra mais sobre a história da banda.
De 5 ou 6 acertos – Parabéns! Você realmente sabe tudo sobre a Legião Urbana, assim, propague a sua história para gerações futuras.

Nós somos a Legião Urbana


Renato Russo - nosso eterno poeta - disse em 94 que a Legião eram os fãs; ele, Dado e Bonfá eram apenas o veículo. Ele também disse algo parecido no show do Rio em 1994, que pode ser conferido no cd "Como é que se diz eu te amo", antes de começar Perfeição. Numa entrevista da Bizz em 1995 ele disse que a Legião só existia hoje em dia por causa dos fãs. Isso legitima o nosso trabalho e a nossa missão de fãs: levar o nome e as canções legionárias para a posteridade, como em fãs-clubes, grupos e comunidades virtuais. Cada um de nós é responsável por levar o nome da Legião adiante, para as futuras gerações, e não deixar a mensagem se perder no tempo.

Afinal, como bem disse o Renato, nós somos a Legião Urbana!!!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Tributos?!? Para quem? Para quê?

Eu, pessoalmente, nunca fui fã de homenagens e tributos à Legião. Podem me chamar de radical se quiserem! Mas a verdade é que vira uma bagunça e todo mundo fica querendo se aproveitar da obra da Legião... O Capital Inicial, por exemplo, tem realmente que parar com essa coisa de homenagear a Legião toda hora, assim como muitas bandas por aí. Chega!

Como bem disse o Bonfá certa vez, o maior tributo está aí, com os discos lançados e sempre lembrados. Se continuarmos ouvindo Legião e fizermos com que outras pessoas conheçam a banda e suas canções, estaremos eternizando-a para as futuras gerações. Não precisa de discos tributo por aí afora, indiscriminadamente. A Legião é coisa séria. O Renato não gostaria dessas coisas.

Eu gostei do CD "O Último Solo", mas pensemos com carinho: o Renato aprovaria aquele lançamento? Ele era um artista super cuidadoso com a sua obra. É claro que os discos da Legião lançados postumamente (acústico, ao vivo...) tem um valor documental e eu adoro que seja assim, mas desde que sejam avaliados e produzidos pelo Dado e Bonfá, que são quem mais entendem de Legião. E não podemos nos esquecer de que no tributo feito ano passado ao Renato no Multishow (que virou CD e DVD em 2006, com o título “Uma Celebração”) eles não liberaram as canções que eles assinam a composição, por isso só rolaram aquelas que só o Renato compôs. Nem a Plebe Rude, banda amiga de Brasília, teve autorização do Bonfá para tocar Soldados (composição do Bonfá com o Renato).

O negócio agora é deixarmos que as canções sobrevivam por si mesmas, sem cópias (muitas vezes mal feitas). Nós, legionários, somos responsáveis para que isso aconteça.

quarta-feira, 11 de março de 2009

RENATO RUSSO & CAZUZA - A poesia nunca morre

Como sabemos, Cazuza se foi no dia 07 de julho de 1990. E há nele toda uma trajetória que se cruza com a do nosso Renato Russo e todo um legado de lirismo e força que sempre irá ficar marcado em nossos corações.

Segundo Lucinha Araújo, “naquela tarde de 6ª feira, ele (Ezequiel Neves) saiu mais cedo e contou depois que Cazuza pareceu estranho e sereno. Ouvia pouco e quase não dizia nada. Era como se meu filho dissesse ‘deixa pra lá’. Cazuza tinha dito a Zeca que queria assistir ao show da Legião Urbana no dia seguinte. Renato Russo, no dia 07 de julho, dia da morte e sepultamento de Cazuza, dedicou o show a ele”.


À noite, no Jockey Club Arena do Rio de Janeiro, Renato entrou no palco com a sua banda e disse: “Eu quero falar algumas coisas aqui. Eu vou falar de mim. Eu tenho mais ou menos 30 anos, sou do signo de Áries, eu nasci no Rio de Janeiro, eu gosto da Billie Holliday e dos Roling Stones, eu gosto de beber pra caramba de vez em quando, também gosto de milkshake. Eu gosto de meninas, mas eu também gosto de meninos. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou cantor numa banda de rock’n roll. Eu sou letrista e algumas pessoas dizem que eu sou poeta. Agora eu vou falar de um carinha. Ele tem 30 anos, ele é do signo de Áries, ele nasceu no Rio de Janeiro, ele gosta da Billie Holliday e dos Rolling Stones, ele é meio louco, ele gosta de beber pra caramba. Ele é cantor numa banda de rock, ele é letrista, e eu digo: ele é poeta. Todo mundo da Legião gostaria de dedicar esse show ao Cazuza”.


Certa vez, Cazuza disse: “(...) eu tenho orgulho de fazer parte de uma geração que tem o Renato Russo, o Arnaldo Antunes, o Lobão, uma geração que acabou com essa história de que rock é bobagem. O rock já não é uma coisa da qual se possa debochar... A gente está com uma força de palavras, as pessoas estão ouvindo o que o Renato Russo fala, o que o Lobão fala... Por mais que cada um tenha caminhos loucos, eles estão falando”.

Em 1995, Renato Russo disse: “As pessoas vem, as pessoas vão... e o Cazuza foi e faz muita falta. Eu, sinceramente, sinto muito a falta dele, porque ele era uma espécie de ponto de referência, sabe? Nós temos o mesmo signo, a mesma idade, gostamos de Billie Holliday e de milkshake... Mas ele se foi... só que eu acho que a poesia dele fica para sempre... Eu me lembro que no lançamento de Que País é Este, em 87, o cazuza foi lá, já bem doente. Ele me disse uma vez que foi aquele negócio de ‘inveja criativa’ e quando ele ouviu Que País é Este foi aquela inspiração p/ ele escrever Brasil, que é uma das músicas... mais importantes. E todo mundo fala nos músicos dos anos 80... e o interessante disso é que Cazuza não é só dos anos 80... é pra sempre.”

Marina Lima fala de Renato Russo


Amigos legionários;

Esse texto é de uma fonte não identificada; reli essa semana no meu arquivo de reportagens da Legião Urbana e me emocionei com o depoimento que a cantora pop Marina Lima deu sobre o Renato, seu amigo pessoal, logo após a partida do nosso poeta. Impossível as palavras dela não nos cativarem, confirmando a personalidade tão forte e a sensibilidade de um poeta que foi embora cedo demais, deixando-nos um exemplo de força e coragem. Mas as pessoas especiais são eternizadas e nós, fãs, jamais nos esqueceremos dele.
Confiram!

Abraços... Força sempre!
Paulo Avila

Marina Lima fala sobre Renato Russo

“Fiquei muito impressionada. Triste, mas muito impressionada. A sensação que tive foi a de que ele passou os últimos anos de vida preparando as pessoas para a partida dele e (gagueja) dando ao mundo o que ele achava que podia dar de melhor. Fiquei muito emocionada com isso, achei muito generoso. A gente não sabia que ele estava doente, especulava-se, mas poucos sabiam. E hoje penso que ele não queria que ninguém achasse que ele estava fazendo certas coisas porque estava doente, ele queria que achassem que estava apenas fazendo. Então ele começou a ajudar causas sociais, a causa gay, começou a fazer várias coisas para deixar o melhor dele antes de partir e ajudar as pessoas. É uma coisa para mim muito emocionante porque foi um homem muito generoso e muito discreto também. Eu admiro pessoas discretas, tenho uma queda por isso. E ele fez o melhor até comigo. Conversava muito com ele que nós mulheres não temos uma história oficial, a história é sempre contada pela versão dos homens, os registros são os homens que fazem e, no meu aniversário retrasado, o Renato me deu quatro livros sobre a história das mulheres (sorri). Ele fazia o que podia para ajudar cada um, entende. Porque ele estava partindo acho que queria deixar o melhor dele. É lindo. Ele me ensinou muita coisa, não só com a música dele, mas também com a partida dele, com a forma generosa de partir”.

Marina Lima

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um aviso...

Para quem está visitando o meu blog agora: estou disponibilizando aos poucos partes da minha monografia A POÉTICA ROMÂNTICA DE RENATO RUSSO, que fiz ano passado na conclusão do curso de Letras. Espero que gostem!

FORÇA SEMPRE!

terça-feira, 3 de março de 2009

A Poética Romântica de Renato Russo - "Renato Russo: o poeta místico"

5.5. Renato Russo: o poeta místico
O romântico, em vez da razão, deixa que a fé guie o seu espírito. Segundo Coutinho (1969: 6), não é o pão somente que satisfaz o romântico; idealista, aspirando a outro mundo, acredita no espírito, e na sua capacidade de reformar o mundo. O próprio Renato comentara em 1989, ao lançar o quarto álbum da Legião Urbana, “As Quatro Estações”, que a maior questão política do momento era a espiritual (FINATTI & MENDES, 1996: 71). É importante lembrarmos que esse álbum foi lançado em um momento difícil na vida de Renato, em que ele estava usando muitas drogas e havia passado por um momento delicado no ano anterior, quando uma apresentação muito esperada em Brasília terminou em pancadaria, com centenas de feridos e pessoas presas. Tudo isso fez Renato ser mais contemplativo e reflexivo, escrevendo sobre temas mais espirituais. Vindo de uma família católica, a religião e seus preceitos estavam presentes em sua vida e já apareciam desde o primeiro álbum. Em “Baader-Meinhof Blues”, ele critica uma sociedade que acha que “afinal, amar ao próximo é tão démodé”.
Porém, no já mencionado quarto álbum, Renato foi muito mais profundo na religiosidade. Em “Monte Castelo”, Renato aproveitou versos do capítulo XIII da primeira carta de São Paulo aos Coríntios e do soneto XI de Luis de Camões para compor uma belíssima canção de amor:
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrario a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem
todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria.
“Pais e Filhos” é uma canção que apresenta em cada verso os mais diversos tipos de experiências e relacionamentos familiares. Nela, temos um refrão redentor:

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Por que se você parar para pensar, na verdade não há.
Em “1965 (Duas Tribos)”, a canção mais política desse quarto álbum, que fala dos horrores da ditadura militar, traz em sua letra os seguintes versos:
Quando querem transformar
Esperança em maldição:
É o bem contra o mal
E você de que lado está?
Estou do lado do bem
E você de que lado está?
Estou do lado do bem
Com a luz e com os anjos.

Mas a religiosidade romântica de Renato Russo não se limitava apenas ao cristianismo. Renato era místico e bebia em várias fontes. Em “Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto” o cristianismo e o budismo encontram-se, criando um diálogo inter-religioso:

O sol nasce pra todos
Só não sabe quem não quer.

(...)

Tudo é dor
E toda dor vem do desejo
De não sentirmos dor.

“Se Fiquei Esperando meu Amor Passar” finaliza o álbum, idealizando o amor: “Quando se aprende a amar o mundo passa a ser seu”. Passa pelo momento da dúvida, da incerteza entre manter as aparências e viver os sentimentos em sua completude, sem mentir para si mesmo, ainda que possa ir contra as normas sociais vigentes, buscando assim a liberdade e a sinceridade no amor.

Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno
E fiquei tanto tempo duvidando de mim
Por fazer amor fazer sentido.

Começo a ficar livre
Espero. Acho que sim.
De olhos fechados não me vejo.
E você sorriu pra mim.

O final da canção termina com um trecho da liturgia católica, o Agnus Dei, pedindo perdão pela incapacidade humana de amar plenamente e implorando pela paz.

"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade de nós.
Cordeiros de Deus que tirai os pecados do mundo
Dai-nos a paz."

No encarte desse álbum, Renato diz que há também referências do Tao-Te-King (o livro do Caminho Perfeito), de Lao Tsé, em algumas letras.
No sétimo álbum, Renato cita a regra de ouro na canção “A Fonte”, muito comum na filosofia oriental, para depois citar a mitologia grega e a passagem deste mundo para o vale dos mortos:

Não faça com os outros o que você não quer
Que seja feito com você

(...)

Do lado do cipreste branco
À esquerda da entrada do inferno
Está a fonte do esquecimento:
Vou mais além, não bebo dessa água.
Chego ao lago da memória
Que tem água pura e fresca
E digo aos guardiões da entrada:
- Sou filho da Terra e do Céu
Dai-me de beber,
que tenho uma sede sem fim.

No nono álbum, “Uma Outra Estação”, lançamento póstumo lançado em 1997, encontramos no encarte uma letra chamada “Sagrado Coração”, que Renato compôs, mas não há registro da sua voz. Então o que temos ao ouvir a canção é tão-somente a base instrumental. Lendo a letra, percebemos o desejo de religiosidade em Renato, que tenta compreender o mundo e as atitudes das pessoas, procurando encontrar um caminho em meio ao seu desânimo, desesperança e até mesmo falta de fé. Parece-nos que ele busca encontrar um lugar idealizado. A letra faz alusão ao Sagrado Coração de Jesus, em que o povo, em orações, pede a sua proteção:

Sei que tenho um coração
Mas é difícil de explicar
De falar de bondade e gratidão
E estas coisas que ninguém gosta de falar
Falam de um lugar
Mas onde é que está?
Onde há virtude e inteligência
E as pessoas são boas e sensíveis
E que a luz no coração
É o que pode me salvar
Mas não acredito nisso
Tento, mas é só de vez em quando

Onde está este lugar?
Onde está essa luz?
Se o que vejo é tão triste
E o que fazemos tão errado?
E me disseram!
Este lugar pode estar sempre ao seu lado
E a alegria dentro de você
Porque sua vida é luz
E quando vi seus olhos
E a alegria no seu corpo
E o sorriso nos seus lábios
Eu quase acreditei
Mas é tão difícil
Por isso lhe peço, por favor
Pense em mim, ore por mim
E me diga: - este lugar distante está dentro de você
E me diga que nossa vida é luz
Diga que nossa vida é luz
Me fale do sagrado coração
Porque eu preciso de ajuda