quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dois, segundo disco da Legião Urbana – um clássico


Passada a empolgação gerada pelo sucesso do 1º disco, a Legião Urbana entrou em estúdio em 1986 para lançar o 2º disco da sua carreira. A idéia inicial era a de lançar um disco duplo, com o pomposo título de “Mitologia e Intuição”, mas a idéia foi abortada pela gravadora EMI. Afinal, a Legião ainda não estava no 1º escalão do cast da gravadora. Assim, o disco foi simplesmente batizado com o singelo título “Dois”, lançado em julho de 1986. Passada a energia adolescente e primária do 1º LP, “Dois” foi responsável por trazer uma produção mais elaborada, mais pensada. Enquanto o 1º disco era mais explosivo, este trazia temas mais espirituais, emotivos, confessionais. Ainda havia dois punks básicos: a irônica e agressiva Metrópole (denunciando o sensacionalismo mórbido e a indiferença nas grandes cidades diante da violência e da desgraça alheia) e Fábrica (com uma temática social pedindo dignidade, justiça, compaixão e trabalho sem exploração). Mas o som soava diferente na maior parte do disco: um rock básico costurado por nuances pop e folk (uma das grandes paixões do Renato – Beatles, Bob Dylan...).


O disco abre com Daniel na Cova dos Leões, com um título bíblico e letra que Renato considerava explicitamente homossexual. “Essa música fala de sexo oral”, diria mais tarde. Acrilic on Canvas é uma balada sofisticada, ideal para os mais sentimentais, que trata sobre saudade após ao fim de um relacionamento. Eduardo e Mônica é a 1ª historinha a aparecer num disco da Legião, com personagens, começo, meio e fim, mostrando o amor na vida de dois jovens totalmente diferentes um do outro. Bem mais tarde Renato chegou a dizer que a Mônica da história era uma amiga sua de Brasília, Leonice Coimbra; já Eduardo era ele mesmo, “só que menos bobo”. Tempo Perdido foi descrita pelo antropólogo Hermano Vianna – num texto que ele escreveu para a caixa lançada em 1995 com os cds remasterizados da banda – como “um dos momentos mais lindamente melancólicos da história da música pop”. Essa canção foi a música de trabalho do disco, considerada um hino para a juventude com seus belos versos e instrumental que foi acusado de copiar o som da banda inglesa The Smiths, grande ícone dos anos 80, que Renato era fã. O clipe dessa canção trazia fotos de jovens flagrados pouco antes da fama – gente como John Lennon, Janis Joplin, Jimi Hendrix entre outros ídolos do Renato.

“Índios” (assim mesmo, entre aspas) teve a letra escrita pelo Renato no estúdio, quando o disco já estava no fim. Com tantas canções belas, Dois foi finalmente lançado em julho de 1986. Como a idéia original de ser um disco duplo foi abortada, muita coisa ficou de fora, entre eles uma versão roqueira de Juízo Final, samba de Nelson Cavaquinho. Algumas músicas antigas dos tempos de Brasília também ficaram de fora. Segundo Bonfá, “as músicas eram lindas, mas foi uma fase difícil de criação, era muito experimental”. Assim, a banda foi conquistando cada vez mais fãs em todo o Brasil, ganhando inclusive prêmios na revista Bizz, e Renato Russo se destacou, ao lado de Cazuza e Arnaldo Antunes, como o grande letrista da sua geração.

Dois se tornou o grande clássico da banda, a obra-prima, e hoje já deve ultrapassar a marca de 2 milhões de cópias vendidas.

5 comentários:

  1. Acredito que, todos os que ouviram Legião, se identificaram com as letras das músicas, fortes e verdadeiras, que se encaixavam nas ambições, decepcões, sonhos, enfim, tudo que sentiram e passaram darante sua juventude, sendo ele jovem ou não, mas não sabiam expor... A Legião fez isso por todos.
    Leigo Omnia Vincit

    ResponderExcluir
  2. quero saber se tem alguma musica de renato com figuras de construçao?

    ResponderExcluir
  3. Vou dar uma olhada e depois te falo, ok?

    ResponderExcluir
  4. eu adoroooooooo as musicas deles sao simplemente sensacional

    ResponderExcluir
  5. quero saber quais são as figuras de linguagem da musica indios ?

    ResponderExcluir